A tensão comercial entre Estados Unidos e China ganhou um novo capítulo nas últimas semanas.
Após meses de discursos inflamados e ameaças de aumento nas tarifas de importação, ambos os países decidiram recuar, reduzindo temporariamente as tarifas impostas.
O anúncio, que foi bem recebido pelos mercados globais, pode até soar como uma trégua, mas a verdade é que a instabilidade permanece e quem atua no comércio exterior precisa seguir em estado de alerta.
Se você acompanha nosso blog, já deve ter conferido o artigo em que explicamos como as tarifas implementadas por Trump impactam diretamente as operações de comércio exterior das empresas brasileiras. E agora, com essa nova reviravolta, o cenário exige ainda mais atenção por parte das áreas responsáveis por planejamento tributário, compras internacionais e gestão logística.
O que está acontecendo?
De acordo com informações divulgadas pela Reuters, os Estados Unidos e a China chegaram a um acordo que reverte a maior parte das tarifas impostas recentemente, em abril deste ano.
Pelos termos do acordo:
- Os EUA reduziram as tarifas adicionais sobre produtos chineses de 145% para 30%;
- A China reduziu suas tarifas de 125% para 10%.
Apesar da redução, a trégua está longe de ser definitiva. Tarifas impostas antes de 2 de abril, incluindo aquelas implementadas durante o primeiro mandato de Trump, continuam em vigor.
Na prática, mesmo com o recuo, a China ainda enfrenta uma tarifa efetiva de 30%, considerando as cobranças anteriores. Produtos estratégicos, como veículos elétricos, aço e alumínio, seguem sujeitos a tarifas específicas, impostas em anos anteriores.
Além disso, três ordens executivas responsáveis por impor tarifas adicionais foram ajustadas ou rescindidas, estabelecendo um período de trégua de 90 dias.
Trégua duradoura ou um breve respiro - O que esperar daqui para a frente?
Olhando para os próximos meses, é possível que surjam novas discussões tarifárias, ou que outros pontos da guerra comercial, como as questões envolvendo tecnologia e cadeias de suprimentos, voltem a ser o foco de confronto.
Alguns especialistas acreditam que estamos em um cenário de "cessar-fogo", onde os dois países tentam minimizar os impactos econômicos da disputa.
No entanto, outros indicam que a instabilidade ainda está muito presente, já que as questões não resolvidas, como a segurança nacional e as restrições tecnológicas, continuam em pauta. A natureza volátil das decisões políticas dos dois lados pode facilmente resultar em novas tensões, e o mercado deve estar preparado para essa possibilidade.
A China, por exemplo, continua com suas restrições às exportações de terras raras, e os EUA têm outras preocupações com segurança e confiabilidade nas cadeias globais.
Ainda segundo a Reuters, permanecem no radar questões sensíveis, como possíveis novas restrições à exportação e a revisão de cadeias de suprimentos relacionadas à segurança nacional.
Por que isso importa para a sua estratégia de comércio exterior?
Mesmo com o recuo nas tarifas, a instabilidade permanece como um fator crítico. Cenários assim podem impactar diretamente:
- Os custos de importação e exportação;
- A precificação de produtos no mercado interno;
- A estruturação de regimes aduaneiros e contratos de fornecimento;
- A previsibilidade no fluxo de caixa e planejamento tributário.
Além disso, sempre que Estados Unidos e China, as duas maiores economias do mundo, entram em conflito ou estabelecem acordos comerciais, o mercado cambial reage de forma imediata.
A simples expectativa de uma nova rodada de tarifas ou de um possível recuo, como o que acabamos de presenciar, já é suficiente para gerar fortes oscilações no valor do dólar em relação a outras moedas.
Para as empresas que atuam no comércio exterior, essas variações cambiais representam um desafio direto na formação de preços, no planejamento financeiro e na gestão de contratos internacionais.
Quando o dólar sobe, os custos de importação aumentam, pressionando a rentabilidade das operações e exigindo revisões rápidas nas estratégias comerciais.
Por outro lado, a queda da moeda americana pode beneficiar importadores, mas reduzir a competitividade de exportadores que negociam seus produtos no mercado externo.
Além disso, a volatilidade cambial exige atenção redobrada na negociação de contratos internacionais, que muitas vezes são firmados com valores fixos ou em moeda estrangeira. Sem um planejamento adequado, as empresas podem ser surpreendidas por oscilações que impactam diretamente o fluxo de caixa e a rentabilidade das operações.
Por isso, monitorar o mercado cambial de forma constante e adotar estratégias de hedge cambial (proteção contra variações) se tornam práticas indispensáveis para mitigar riscos e garantir maior previsibilidade financeira.
Como as empresas podem se proteger em um cenário de incertezas?
Uma estratégia importante é trabalhar com cenários simulados, uma técnica que ajuda a prever diferentes resultados e preparar a operação para reagir rapidamente a mudanças.
Simular diferentes cenários, como aumento de tarifas, variação cambial e restrições comerciais, permite que as empresas se planejem melhor, ajustem seus fluxos de caixa e estratégias logísticas com mais agilidade.
Essa abordagem não apenas ajuda a mitigar os riscos, mas também permite que os tomadores de decisão estejam mais alinhados com as mudanças e mais preparados para tomar ações assertivas quando a instabilidade surgir.
Aqui vão algumas outras práticas para minimizar riscos e garantir mais resiliência nos negócios internacionais:
- Diversifique mercados e fornecedores: depender de um único mercado de importação ou exportação aumenta a vulnerabilidade. Buscar alternativas de fornecimento e novos destinos comerciais ajuda a reduzir riscos geopolíticos e tarifários.
- Negocie contratos mais flexíveis: inclua cláusulas que prevejam ajustes em função da variação cambial e de mudanças tributárias internacionais. Isso permite maior segurança jurídica e previsibilidade financeira.
- Monitore de perto as mudanças regulatórias globais: estar atento a novos acordos, tarifas e barreiras não tarifárias é fundamental para readequar rapidamente as rotas logísticas e estratégias comerciais.
- Aposte em regimes aduaneiros especiais: utilizar benefícios como Drawback, RECOF e outros regimes pode ajudar a reduzir a carga tributária e melhorar a competitividade dos produtos no mercado externo.
- Tenha visibilidade completa dos custos operacionais: entender o custo real das operações internacionais — incluindo taxas, impostos, fretes e custos ocultos — permite decisões mais acertadas e evita surpresas no fluxo de caixa.
Como a tecnologia pode proteger a sua operação diante da volatilidade global
Contar com ferramentas que vão além do básico operacional e ofereçam inteligência de mercado e agilidade estratégica também é essencial para enfrentar instabilidades com mais segurança.
Soluções como as da plataforma ONESOURCE Global Trade, da Thomson Reuters, permitem que as empresas antecipem riscos, identifiquem oportunidades de economia e automatizem processos críticos de comércio exterior, garantindo mais eficiência mesmo em cenários incertos.
Com dados atualizados em tempo real, análises preditivas e integração com regimes aduaneiros, é possível reduzir custos, evitar retrabalhos e tomar decisões mais rápidas e seguras, mesmo diante de mudanças repentinas nas políticas comerciais globais.
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