A sensação de estar ficando para trás, o famoso FOMO (Fear of Missing Out) da Inteligência Artificial, levou muitos escritórios a adotarem a tecnologia sem um plano claro. O consenso da Fenalaw 2025 é que a tecnologia deixou de ser um diferencial: ela é, agora, o ponto de partida obrigatório no mercado jurídico.
Em um mercado onde a qualidade técnica se tornou o mínimo esperado, o futuro da advocacia pertence a quem domina a IA no direito e, crucialmente, a quem investe no protagonismo humano.
A Thomson Reuters esteve presente para capturar os principais insights do evento. Nesta curadoria exclusiva, reunimos as tendências jurídicas mais relevantes que emergiram dos painéis, cases e masterclasses - e que devem orientar a estratégia de escritórios e departamentos jurídicos nos próximos anos.
1. O fim da qualidade técnica como diferencial competitivo
Se o seu escritório ainda se vende com os discursos de "agilidade e qualidade técnica", você está correndo o risco sério de se tornar uma commodity. Essa foi a grande lição da palestra de Bruno Strunz, ecoada em diversos painéis da Fenalaw:
- Qualidade técnica não é mais uma vantagem competitiva. O cliente assume que você é tecnicamente excelente.
- Onde, então, está a verdadeira diferenciação? Em entender a compra e não apenas a venda.
Como afirmou Strunz: "Valor é percebido pelo cliente, não pelo fornecedor." Seu serviço deve se conectar diretamente aos objetivos estratégicos do negócio do cliente, transformando-o em um verdadeiro trusted advisor.
Antecipação no ciclo de compra: O ciclo de decisão começa muito antes da negociação. Chegar cedo com insights proativos e marketing de conteúdo ultra-relevante é fundamental.
Experiência memorável: Não é necessariamente o melhor produto que ganha, mas sim quem oferece as melhores experiências. Na era H2H (Human to Human), uma experiência de atendimento fluida e humana se tornou a principal alavanca de fidelização e recomendação.
A ação imediata: Saia do piloto automático. Invista em segmentação clara e utilize a tecnologia para liberar tempo e desenhar jornadas de cliente inesquecíveis com os melhores sistemas para advogados.
2. A virada da IA: o advogado que sabe usar a tecnologia vence o que não sabe
O medo de que a IA vai substituir o advogado foi um fantasma onipresente na Fenalaw, mas o painel com Patrícia Vanzolini (OAB-SP) e outros líderes jurídicos trouxe a resposta definitiva:
"A tecnologia não acaba com o advogado; o advogado que sabe usar tecnologia é quem substitui aquele que não sabe."
Você quer ser o advogado que lidera a transformação ou aquele que será substituído pela ineficiência? O consenso é que a IA e a automação são tendências jurídicas para 2026 e ferramentas poderosas para aumentar a eficiência e democratizar a competição.
O case do escritório Santos Vale Albuquerque também ilustra a mudança: com o CoCounsel, IA jurídica da Thomson Reuters, tarefas como auditorias, alimentação de sistemas e produção de peças ganharam eficiência exponencial. Marcus Albuquerque relatou: "Como o resultado aparece muito rápido, a adaptação acontece com mais agilidade. Não temos percebido tanta resistência."
Nivelamento do jogo: A tecnologia tende a colocar escritórios pequenos e médios, mais ágeis, no mesmo patamar de qualidade técnica dos grandes.
O novo diferencial: Com a técnica nivelada pela IA, o grande diferencial passará a ser o atendimento e a reputação. O advogado do futuro é aquele com soft skills e qualidades humanas.
Governança e ética: A decisão final e a estratégia jurídica devem permanecer humanas. Não existe boa implantação de IA no direito sem governança clara.
O que muda na prática?
- Redução drástica de tempo: uma ação civil pública de 500 páginas resumida em 3 páginas, em menos de 2 minutos.
- Ganhos em Visual Law e defesas estruturadas: escritórios já utilizam IA para ancorar contestações em indícios de litigância abusiva (Recomendação CNJ 159/2024).
- Prevenção baseada em dados: análise preditiva por comarca, juiz e objeto processual para antecipar riscos.
O desafio da próxima geração: o fim do estágio?
Uma preocupação relevante levantada na Fenalaw foi: a IA está assumindo tarefas que antes cabiam ao estagiário. Isso levanta um problema sério sobre o treinamento da próxima geração. Patrícia Vanzolini destacou: "Precisamos lidar com isso, sem negar a realidade. Como instituição, temos de nos preparar para capacitar toda a advocacia no uso da tecnologia e prospectar novos campos de trabalho."
3. Legal Ops: de hype a realidade estratégica inegociável
Se você ainda pensa em Legal Operations (Legal Ops) como uma "modinha" de grandes departamentos jurídicos, a Fenalaw 2025 mostrou que é hora de rever seus conceitos.
O painel com Fernanda Rocha (Energisa), Gustavo Pinhão (Lima Feigelson) e Marcella Cruz (Mattos Filho) confirmou: Legal Ops não é mais hype, é cultura. É a integração de gestão de prazos, financeira, tecnologia, dados e processos para gerar valor e eficiência.
O jurídico como parceiro de negócios: O cliente não tem um problema jurídico; ele tem um problema de negócio. O Legal Ops exige que o jurídico passe a operar com métricas, planejamento e linguagem de negócios.
A "Era Agêntica": Estamos saindo do "chat que responde" para agentes de IA integrados aos workflows que assumem tarefas operacionais e escalam conhecimento. A IA as a Service reposiciona a entrega jurídica.
Dados para prevenção: O uso intensivo de analytics permite antecipar riscos e orientar o negócio com granularidade (por comarca, juiz e objeto processual).
Para escritórios: O desafio é acompanhar essa granularidade. Escritórios que não souberem falar a "língua" do Legal Ops e entregar dados analíticos detalhados perderão relevância rapidamente.
4. O Impacto estratégico da reforma tributária: planejamento é urgente
A reforma tributária foi o tema central da Fenalaw para a advocacia consultiva, e a mensagem é clara: a vida vai mudar e as tendências jurídicas para 2026 também seguirão este caminho.
A palestra com Susy Gomes Hoffmann e outros especialistas destacou que a não cumulatividade chega com força para o setor, e o planejamento tributário não é mais opcional.
Nova lógica de crédito: A advocacia entra em regime diferenciado (alíquota efetiva projetada de 19,6%), mas a escolha entre o Simples (regime único) e o regime regular/híbrido afetará sua competitividade.
Atrativo competitivo: Escritórios no regime regular se tornarão mais atraentes para clientes PJ, pois podem repassar crédito integral. A seleção de fornecedores passará a considerar quem gera crédito pleno de Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição de Bens e Serviços (CBS).
Governança de Parcerias: A formalização de parcerias entre escritórios via Provimento OAB 204/2021 é crucial para reduzir riscos fiscais (glosa), garantindo que os repasses não componham a receita do repassador.
5. Gestão de contencioso e litigância abusiva: dados contra o caos
O contencioso massificado é o calcanhar de Aquiles do Judiciário brasileiro. O painel com líderes do Nubank e Bradesco trouxe dados assustadores: o Brasil tem mais de 80 milhões de processos em estoque, e o custo da litigância é estimado em 1,2% do PIB.
Como combater a judicialização em massa e a litigância predatória? Com dados, IA e cooperação.
Identificação de abuso: O uso de IA (e Visual Law em defesas) para ancorar teses na Recomendação CNJ 159/2024 permite identificar padrões de abuso: gratuidade reiterada sem justificativa, peças padronizadas e documentos desatualizados.
Foco na causa raiz: Grandes departamentos jurídicos estão se reestruturando com times de cientistas de dados para ir além da defesa e atacar a causa raiz do litígio.
O desafio dos pequenos: A dor de gestão e financeiro, já mapeada em escritórios pequenos/médios, se agrava nesse cenário. A tecnologia é a única forma de obter a granularidade de dados necessária para uma defesa qualificada.
Tendências jurídicas para 2026
A Fenalaw 2025 foi um marco. A mensagem é inconfundível: estamos vivendo “há semanas em que décadas acontecem”. Olhando para as tendências jurídicas para 2026, a Fenalaw mostrou que a excelência técnica será automatizada, com a IA assumindo cada vez mais funções - mas a conexão humana, a visão estratégica e a capacidade de gestão se tornam os ativos mais valiosos.
Não espere a próxima edição da Fenalaw para começar a transformação. O medo de ficar de fora deve ser substituído pela urgência de agir com propósito e ética.
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Para finalizar: Os 6 recados macro da Fenalaw 2025 que você precisa levar para casa
- IA não "acaba" com advogados; advogados que usam IA substituem quem não usa. O protagonismo humano continua central.
- Departamentos jurídicos com IA reduzem demanda por escritórios — pressão real por eficiência e posicionamento consultivo.
- A IA está "comendo" o trabalho típico de estágio: desafio para treinar a próxima geração e redesenhar carreiras.
- Escritórios pequenos/médios e jovens têm vantagem de adesão e adaptação tecnológica.
- A tecnologia nivela a técnica; reputação, atendimento e experiência do cliente viram diferenciais críticos.
- Regulação importa: o debate sobre a PL 2338 deixa claro que o Brasil precisa de regras próprias para IA.
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