Com mais de 80 anos de história e presença global no setor automotivo, a Sabó enfrentava o desafio de lidar com a crescente complexidade das operações de comércio exterior, desde o controle de inventários até a conformidade com a legislação aduaneira e fiscal.
Buscando mais eficiência, visibilidade e segurança nos processos, a empresa aderiu ao regime RECOF e implementou o RECOF-Sistema, da Thomson Reuters para gerenciar o modelo, alcançando resultados expressivos em pouco tempo, incluindo um ROI em apenas oito meses.
Para entender melhor como essa transformação aconteceu, conversamos com Rosana Antunes de Brito, Coordenadora de Comércio Exterior da Sabó, que compartilhou os principais desafios, aprendizados e ganhos dessa jornada.
Confira a entrevista completa abaixo.
A trajetória e a estrutura global da Sabó
Rosana, para começarmos, poderia nos apresentar um pouco sobre a Sabó, sua atuação global e o que a torna uma referência no setor de autopeças?
A Sabó é uma multinacional brasileira fundada em 1942, com 83 anos de história como fabricante de juntas, retentores e sistemas de vedação. Desde então, se tornou uma referência mundial em soluções de vedação para o setor automotivo.
A empresa também tem uma forte presença internacional. Como começou esse processo de expansão e como está estruturada hoje a operação global da empresa?
Começamos a exportar na década de 1970, inicialmente para a Alemanha, o que abriu caminho para uma grande expansão internacional. Hoje, contamos com duas fábricas no Estado de São Paulo, uma em Cajamar, voltada ao mercado de reposição, e outra em Mogi Mirim, focada no mercado OEM (Original Equipment Manufacturer), além de um escritório em São Paulo e uma planta na Argentina.
Vocês também são reconhecidos pela excelência técnica e pela inovação em seus processos. Quais fatores você destacaria como diferenciais tecnológicos que sustentam essa liderança no setor automotivo?
A tecnologia sempre foi o grande diferencial da Sabó. Nossa planta de Mogi Mirim, por exemplo, opera com linhas totalmente automatizadas, baseadas nos conceitos de Manufatura 4.0. Esse compromisso com inovação e qualidade nos rendeu importantes certificações e reconhecimentos de clientes no Brasil e no exterior, consolidando a Sabó como parceira estratégica das principais montadoras globais.
Como Coordenadora de Comércio Exterior, quais são as principais responsabilidades da sua área e qual o papel estratégico de Comex para uma empresa com a dimensão e o alcance da Sabó?
Sou responsável pelas operações de Comércio Exterior das duas plantas da Sabó, Cajamar e Mogi Mirim, e, junto com meu time, tenho como meta garantir que nossos clientes no exterior recebam os produtos Sabó com agilidade, conformidade e segurança aduaneira e fiscal.
Os desafios antes do RECOF: controle, conformidade e complexidade
Antes da implementação do regime RECOF e das soluções da Thomson Reuters, quais eram os principais desafios da Sabó na gestão de comércio exterior?
Na época, nosso sistema de comércio exterior já apresentava limitações importantes diante da complexidade das operações e da velocidade das mudanças na área. Enfrentávamos dificuldades no controle de inventário e na visibilidade dos processos produtivos. O acompanhamento era mais limitado, o que dificultava uma gestão integrada e precisa das operações.
E quanto à legislação, como a complexidade regulatória afetava a rotina da área e a conformidade das operações?
A complexidade da legislação aduaneira e fiscal sempre foi um grande desafio e, embora tenhamos avançado bastante, ainda é um ambiente regulatório exigente. Por isso, a busca por conformidade é constante, e foi justamente esse contexto que reforçou a importância de investir em tecnologia e processos mais robustos.
Como o RECOF transformou a operação da Sabó
O que levou a Sabó a solicitar a homologação ao regime RECOF?
Buscamos a homologação ao RECOF para reforçar nosso compromisso com conformidade e eficiência. Ao analisar o volume de importações e exportações, vimos um grande potencial de ganho com o regime, que traz benefícios fiscais relevantes, otimiza processos e fortalece a governança. Além disso, o modelo permite adquirir insumos e recolher apenas os tributos do que não foi exportado, gerando isenções significativas e melhor uso do capital.
Quais transformações o RECOF trouxe para a rotina da Sabó e quais ganhos se destacam em termos de controle, eficiência e competitividade?
A adoção do RECOF nos permitiu ter uma visão muito mais detalhada da fábrica e de toda a cadeia de comércio exterior. Os resultados foram expressivos: redução de custos, maior previsibilidade nas operações e um controle mais robusto e integrado. O regime também melhorou nossos processos internos e abriu novas oportunidades, como o adensamento com o RESE (benefício de ICMS no Estado de São Paulo), o RECOF Nacional e o RECOF Compartilhado. Além disso, reduzimos de forma significativa os tempos de liberação de mercadorias, o que tornou nossas operações mais ágeis e competitivas.
Parceria estratégica: a escolha da Thomson Reuters
Durante o processo de implementação do RECOF, em que momento a Sabó percebeu a necessidade de contar com um parceiro tecnológico especializado para apoiar essa gestão?
Desde o início, percebemos que o RECOF exigia muito mais do que um bom sistema, ele demandava conhecimento técnico profundo e total aderência às exigências fiscais e aduaneiras. Era fundamental ter ao nosso lado um parceiro tecnológico sólido, capaz de garantir conformidade, estabilidade operacional e suporte contínuo diante da complexidade do regime.
E quais fatores foram determinantes para a escolha da Thomson Reuters na adoção do RECOF?
O grande diferencial da Thomson Reuters foi o alto nível de expertise, tanto em tecnologia e integração de sistemas corporativos, quanto no conhecimento profundo do regime RECOF. Além disso, o relacionamento próximo com a Receita Federal e a constante troca de conhecimento técnico deram à Sabó a segurança necessária para escolher a Thomson Reuters como parceira nessa jornada.
ROI em 8 meses
Quais mudanças a equipe da Sabó percebeu após a implementação do RECOF-Sistema, especialmente com a automação e padronização dos processos?
O sistema trouxe mais agilidade e controle, facilitando a pesquisa, extração e análise de dados que antes eram dispersos. Hoje conseguimos desenvolver controles personalizados para o nosso negócio, com total visibilidade dos custos e ganhos de tempo significativos em várias etapas do processo. Além disso, o RECOF-Sistema ampliou a visibilidade e a previsibilidade das operações, dois pilares fundamentais no comércio exterior. Somados à conformidade aduaneira e fiscal, esses fatores nos permitem planejar com mais segurança, identificar novas oportunidades de projetos e certificações e fortalecer o diferencial competitivo da Sabó no mercado.
Você poderia citar um exemplo prático de como o sistema otimizou uma atividade que antes era manual ou complexa?
Um bom exemplo é o processo de Registro de Exportação. No sistema anterior, essa etapa exigia muitas intervenções manuais, o que tomava tempo e aumentava o risco de erros. Com o RECOF-Sistema, da Thomson Reuters, essas tarefas foram automatizadas, o que reduziu significativamente o retrabalho e trouxe um ganho de tempo expressivo para a equipe.
Após a adoção do RECOF-Sistema, a Sabó conseguiu mensurar resultados financeiros significativos. Como esse retorno sobre o investimento se manifestou na prática?
Ao analisarmos o desempenho do projeto, identificamos um retorno expressivo em um curto período. Considerando apenas o Imposto de Importação, o investimento foi recuperado em cerca de oito meses. Essa eficiência se refletiu em redução de custos, maior competitividade e agilidade na liberação das mercadorias, o que trouxe mais previsibilidade e equilíbrio para toda a operação de comércio exterior.
E que outros ganhos concretos vocês observaram ao longo desse processo de transformação?
Por sermos uma empresa habilitada no RECOF, o que exige uma revisão completa dos processos, nossas liberações passaram a ocorrer de forma muito mais rápida e segura, reduzindo significativamente os custos de armazenagem. Essa agilidade trouxe ainda melhor previsibilidade para a produção e ajudou a cumprir prazos de entrega com mais eficiência junto aos clientes. Além disso, tivemos também benefícios financeiros com a postergação dos tributos federais.
Como a integração entre o sistema da Thomson Reuters e o ERP SAP passou a contribuir para o trabalho diário da equipe e para a gestão das operações?
O uso combinado do RECOF e do SAP nos permite ter uma visão completa da operação. Essa integração facilita a identificação de oportunidades de melhoria e possibilita criar ferramentas mais ágeis e eficientes para o dia a dia do comércio exterior.
Um ecossistema integrado e preparado para o futuro
A Sabó também adotou outras soluções do ONESOURCE Global Trade, como os módulos de Import, Export e Câmbio integrados ao RECOF. Como essa estrutura tem impactado a rotina da equipe e o controle das operações?
Sempre entendemos que o RECOF faz parte de um ecossistema integrado de gestão de comércio exterior. E contratar essas soluções complementares fortaleceu o controle das operações e ampliou a visibilidade dos processos, garantindo mais eficiência, segurança e consistência nas informações. Além disso, permitiu centralizar as informações e manter todas as áreas conectadas, o que tornou a rotina mais ágil e o acompanhamento das operações muito mais preciso.
Preparando-se para o futuro do comércio exterior
Na sua visão, qual é o papel de um parceiro tecnológico na evolução e na modernização das operações de comércio exterior da Sabó?
As empresas precisam inovar constantemente para manter a competitividade, e isso só é possível com processos seguros, em conformidade fiscal, aduaneira e legal. Nesse sentido, a parceria com a Thomson Reuters tem sido essencial, pois contamos com um sistema robusto, que oferece segurança, suporte e eficiência para operar com total transparência. É uma combinação de tecnologia e estratégia que reforça o papel do Comércio Exterior como uma área estratégica para o crescimento da Sabó.
O comércio exterior passa por transformações importantes, como a substituição da Declaração de Importação (DI) pela DUIMP e os impactos da Reforma Tributária, que trará novos modelos de apuração e recolhimento de impostos. Como a Sabó tem lidado com esse processo de adaptação e conformidade?
A Thomson Reuters tem sido uma parceira essencial nesse processo. Contamos com suporte técnico e atualização contínua das soluções, o que nos dá segurança para acompanhar as mudanças regulatórias com agilidade e manter todas as operações em conformidade. Essa proximidade garante que estejamos sempre preparados para os novos cenários do comércio exterior e da legislação tributária.
Lições de liderança e recomendações para o setor
Qual conselho você daria para outros líderes de comércio exterior que buscam otimizar suas operações e explorar regimes especiais como o RECOF, mas que ainda enfrentam os desafios de sistemas legados ou processos manuais?
Eu diria que o primeiro passo é analisar o cenário com base em dados reais. Esse levantamento permite identificar oportunidades de redução de impostos e de melhoria dos processos operacionais. Vale a pena insistir nesse estudo e buscar constantemente a otimização das operações. Ser homologado no RECOF faz muita diferença, é um grande diferencial competitivo e de gestão para qualquer empresa.